A inflação no Brasil tem sido persistente. Por isso, não foi uma surpresa quando o Copom resolveu subir a taxa Selic em mais um ponto em sua última reunião. Pela quinta vez consecutiva, aliás, tivemos uma alta. Agora, a Selic vai passar a ser de 6,25% ao ano. Essa, é claro, foi uma medida para tentar controlar a inflação. Contudo, será que isso vai dar certo?
Como a Selic influencia na inflação?
Antes de entrarmos no mérito de o aumento ser ou não efetivo para o controle da inflação, vamos rapidamente entender a lógica por trás da decisão do Copom.
Quando a Selic sobe, os juros num geral sobem também. Se você pedir um empréstimo agora, por exemplo, vai notar essa alta. Com os juros altos, o preço das mercadorias também sobe.
Por consequência, a população compra menos. Se tudo está caro, o consumo diminui. Essa diminuição no consumo, por sua vez, faz com que os preços voltem a cair. Assim, é possível regular a inflação – é basicamente um ciclo.
A decisão do Copom pode controlar a inflação?
A recente alta da Selic traz consigo a expectativa de outros aumentos até o fim deste ano. Contudo, o cenário atual tem feito muita gente pensar que a inflação não vai ser controlada. Na verdade, o que tem estado em todas as rodas de conversa é a possibilidade de uma estagflação.
O que é estagflação?
Estagflação é a junção de duas palavras: estagnação e inflação. Ela acontece, portanto, quando os preços inflacionados não baixam mesmo quando a economia está estagnada.
Em suma, a estagflação se tornou uma possibilidade porque o aumento da Selic não atinge as razões pelas quais estamos passando por um período tão prolongado de inflação. O alto preço das commodities, em dólar, e o cenário político atual – completamente instável – são duas das principais razões para termos os preços que temos agora. A Selic, então, não faz muita diferença nesses aspectos.
A economia não está aquecida
A alta da Selic é normalmente utilizada para desaquecer a economia. Contudo, a nossa não está aquecida. Com uma taxa alta de desemprego e os preços nos mercados extrapolando o limite do orçamento do brasileiro, o consumo obviamente não está alto.
Além disso, temos o dólar. Com o retorno à normalidade em muitas nações, as demandas em dólar aumentaram – motivo pelo qual o preço da moeda subiu tanto. Com o Brasil experimentando um imenso descrédito perante o resto do mundo, acabamos afastando muitos investidores de nós.
A crise hídrica também tem sua parcela de culpa
O receio pela estagflação também vem muito da crise hídrica. Com a conta de energia nas alturas, temos um impacto no país todo. Além das consequências para a população em geral – bastante conhecidas por todos nós – precisamos lembrar também que muitas indústrias diminuem o seu ritmo de produção, o que encarece a energia ainda mais. Afinal, assim como no caso do petróleo, precisamos de energia para muitas atividades.
Impactos para a Bolsa de Valores
Com os preços dos produtos subindo, as empresas terão lucros menores. Por consequência, seu valor na Bolsa vai cair também.
Mesmo assim, a Bolsa ainda pode ser um bom meio de se proteger contra a inflação. A Petrobrás e a Vale, por exemplo, fornecem serviços essenciais e dificilmente serão afetadas negativamente por toda essa situação. Por isso, é hora de pensar duas vezes antes de tomar qualquer decisão no que diz respeito à renda variável.
O que podemos esperar do futuro?
Neste momento, tudo é incerto. Até mesmo o risco de estagflação, inclusive. Aqui, eu recomendo que você mantenha o radar ligado no clima: afinal, a crise hídrica é o maior agravante para essa possibilidade assustadora do cenário econômico.
Enquanto isso, dobre os seus estudos para se tornar um bom investidor. Como você tem visto, o cenário econômico é bastante volátil. Nesses momentos, portanto, a única maneira de proteger o seu patrimônio é se munindo de conhecimento.
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